terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Entrevista a Maria Cristina Nunes - Engenheira Química

ENTREVISTA

A minha entrevistada chama-se Maria Cristina Nunes, nasceu em São Paulo – Brasil e veio para Portugal com a sua mãe e irmão, no ano de 1991. Estudou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde  concluiu o curso de Engenharia Química. Esteve a lecionar em várias escolas e deu explicações. Estagiou na Contrastaria do Porto, mas, como sempre gostou do ensino e da investigação, concorreu para a Faculdade de Engenharia, completando em 2021  vinte anos de trabalho nesta instituição.

Em que ano nasceu?

Nasci em 11 de novembro de 1969.

Como foi a sua infância?

Foi uma infância muito diferente da dos jovens de hoje. De manhã ia para à escola, depois, quando chegava à casa, fazia os trabalhos que trazia e estudava. Ajudava a minha mãe e, quando podia, brincava. Muitas vezes, juntávamos os vizinhos e jogávamos futebol, voleibol, etc.

Nas férias, eu e o meu irmão costumávamos brincar e ajudar os nossos pais no comércio que eles possuíam, que era uma padaria.

Quando decidiu que curso universitário queria fazer e qual foi? 

Sempre quis estudar. O meu primeiro objetivo era ser médica, mas a minha professora de química disse que eu era boa aluna nas áreas de Engenharia, para além de Biologia, pelo que acabei por concorrer para Engenharia.

Arrepende-se de não ter seguido a área de Medicina?

Na altura, fiquei um pouco arrependida, até porque tinha média para concorrer a Medicina, mas depois comecei a gostar da área da Engenharia e de verificar que em tudo que utilizamos no nosso dia a dia, até na Medicina, a engenharia está envolvida.

Só estudou ou também foi trabalhadora-estudante?

Eu entrei na faculdade dois meses depois do meu pai falecer e passado um ano de estudos, com as unidades curriculares que tinha feito, comecei a dar aulas. Nessa altura,  lecionava Matemática, Físico-Química e Desenho Geométrico.

Não foi fácil, porque, além das horas das aulas na Faculdade, tinha que preparar as aulas para lecionar, exames para dar aos alunos e estudar para fazer os meus exames na Faculdade.

Qual a área de especialização que decidiu seguir e porquê?

Comecei o meu curso no Brasil, mas a minha mãe decidiu regressar a Portugal (já era uma vontade dos meus pais, mesmo antes do meu pai falecer) e eu e meu irmão concorremos e continuamos os nossos estudos na FEUP.

Quando comecei, gostava de Engenharia Mecânica, mas na minha época poucas mulheres conseguiam trabalho na área. Como os dois primeiros anos de curso eram tronco comum, quando vim para Portugal, optei pela Engenharia Química.

E quando acabou o curso seguiu que área de trabalho?

Quando acabei o curso, estive a dar aulas e explicações. Entretanto tive uma oportunidade de estagiar na Contrastaria do Porto, na implementação das normas para verificar se as quantidades químicas que eram utilizadas nas novas moedas “euro” estavam adequadas e não provocavam alergia.

Entretanto sempre gostei da área do ensino e concorri para a FEUP, onde fiquei a trabalhar 10 anos, dando apoio às aulas laboratoriais na área de Eletroquímica no Departamento de Engenharia Eletrotécnica. 

Com a reestruturação dos cursos, mudei de departamento e fui trabalhar para o Departamento de Engenharia Química na área do ambiente. Foi um ano de grandes desafios, porque tivemos a montagem de um laboratório pré-fabricado, em que foi montada uma pequena ETAR, que foi cedida à FEUP pela antiga Baviera. Estive envolvida na implementação, na realização das obras  necessárias, na estruturação e funcionamento da Etar. Hoje, é utilizada nas aulas laboratoriais, em que explicamos aos alunos, em termos práticos, o funcionamento e tratamentos das águas residuais. Também estou envolvida em investigação na área de Engenharia Química e na equipa dos Serviços Técnicos e de Manutenção da FEUP.

O que levou a estudar para o doutoramento?

Na área em que trabalho nunca paramos de estudar. Estamos sempre a tentar desenvolver novas técnicas. Resolvi fazer o doutoramento, porque gosto da área de investigação e também por causa da a minha área profissional.

O doutoramento é em que área?

É na área de Engenharia Química e Biológica e o objetivo foi estudar produção de hidrogénio através de Polímeros Condutores em pilhas de combustíveis, utilizando certos metais como catalisadores (que ajudam a reação química). 

De modo a conseguir produzir, consumir e renovar a produção de hidrogénio sem precisar ser armazenado.


Possui artigos publicados na área?

Sim, alguns. Este ano pretendemos publicar cerca de dois artigos também nesta área, mas com a utilização de outros metais.

Além da atividade profissional o que gosta de fazer nos tempos livres?

Gosto de ler, estar com a minha família, passear com o meu filho, etc.

Muito obrigado pela sua entrevista!


Entrevistador: Joaquim Filipe Nunes Pinto 
Entrevistada: Maria Cristina Nunes

Joaquim Pinto - 8.º A

Sem comentários:

Enviar um comentário