segunda-feira, 8 de junho de 2020

O Caderno

O Caderno

Lapiseira antiga
numa folha em branco
desenha uma linha retorcida.
Muitas outras se lhe ajuntaram
e significado ganharam:
surgiram medos, esperanças
e sonhos de crianças.

Mas, de repente,
para a lapiseira.
Uns olhos passam
como um silvo
e revistam as palavras
uma a uma.

A escrita continua
cada vez mais rápido.
As palavras voam
como pássaros pelo papel.
Tudo cessa novamente.
A folha de papel
fora amarfanhada.
As palavras estão aprisionadas
sem forma de sair.
A lapiseira tem pena,
mas já está a escrever
um novo poema.

O escritor olhou
para a folha amarrotada,
sozinha, abandonada.
Viu as palavras
que ele próprio criou
e depois enclausurou.

Ele levanta-se
dirige-se à pobre folha,
desdobra-a
e faz um avião de papel.
As palavras voaram pela
janela
e chegaram àquela
que ele tanto amava.
João Braga, 7.º A

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