Eis um poema de Carlos Drummond de Andrade sobre a necessidade da união das diversidades, da partilha e da solidariedade num tempo de
distanciamento social. Hoje mais do nunca, só a união das diversidades permitirá construir soluções eficientes e eficazes para a resolução dos problemas que o
mundo atravessa.
VERDADE
A porta da
verdade estava aberta,
mas só deixava
passar
meia pessoa de
cada vez.
Assim não era
possível atingir toda a verdade,
porque a meia
pessoa que entrava
só trazia o
perfil de meia verdade.
E sua segunda
metade
voltava
igualmente com meio perfil.
E os meios
perfis não coincidiam.
Arrebentaram a
porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao
lugar luminoso
onde a verdade
esplendia seus fogos.
Era dividida em
metades
Diferentes uma
da outra.
Chegou-se a
discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas
era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
Trabalho da Sala de Estudo
Professora Ricardina Carvalho
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