segunda-feira, 20 de outubro de 2025

 

Visita aos Jardins de Infância do nosso Agrupamento

Visitei hoje os Jardins de Infância do nosso agrupamento, o de Laborim e o do Cedro e, confesso, vieram-me à memória sensações que há muito estavam guardadas num canto qualquer da memória, desses que raramente abrimos, mas que continuam lá, à espera de um cheiro, de uma gargalhada ou de um som de recreio para se fazerem ouvir.

Logo à chegada ao Jardim do Cedro, uma nuvem de pó levantou-se, não por descuido, mas pelo frenesim das travagens de pé no chão, das bicicletas das crianças que brincavam no pátio. E nesse instante percebi: o tempo é mesmo uma coisa efémera, como esse pó que se eleva e logo desaparece.

Observei as crianças em corridas improvisadas, genuínas, entre gargalhadas e gritos de alegria. Cumprimentavam-nos (quem és? , como te chamas?) com a mesma energia com que, segundos depois, voltavam às suas brincadeiras, como se adivinhassem que perder um segundo de diversão é um luxo que só os adultos se permitem. As crianças sabem, melhor do que nós, que o tempo é precioso. Resistir ao sono é o primeiro sinal de quem quer viver intensamente.

Com os cheiros das salas, o tamanho das cadeiras, das mesas, das mochilas e até das sanitas, tudo me pareceu mais pequeno do que nunca, veio-me à lembrança o dia em que levei o meu filho ao infantário pela primeira vez. Lembrei-me da dor de o deixar e da alegria que ele descobriu nesse mesmo espaço de descoberta. Lembrei-me dele, pequenino, de braços estendidos, a chamar “pai, pai, pai, pai”, tantas vezes que até o tempo parecia parar, antes de voltar a correr para brincar outra vez.

Nesta nova função, foi reconfortante reencontrar tudo isso: os cheiros, as vozes, a energia contagiante. E perceber, sobretudo, a importância daquilo que ali se faz, educar desde a mais tenra idade. As pessoas que encontrei, a cozinheira, as auxiliares, as educadoras, estavam ali com sorrisos genuínos, a cumprir uma missão que é muito mais do que trabalho. É profissionalismo, sim, mas é também amor, paciência e dedicação.

Os espaços, por dentro e por fora, revelam cuidado e alegria. Um mais antigo, outro mais moderno, mas ambos decorados com cor e ternura, com a sensação de que ali se acolhe e se protege.

É verdade, a visita foi breve. E sei que não é tudo um mar de rosas, as escolas, como as pessoas, têm sempre arestas por limar. Mas o que senti foi bom, muito bom. Saí de lá com o coração cheio e com a certeza de que, quando pensar na “escola”, não me virá apenas à mente a escola-sede, mas também estas pequenas grandes casas de infância.

Agora faltam as visitas às EB1 e confesso que os Jardins de Infância me aguçaram o apetite. Espero que tragam novas boas sensações e memórias, e que continuem a inspirar-me a ser um presidente mais atento, mais próximo e, quem sabe, um bocadinho mais criança. Voltarei de certeza, não sei em que condição mas tenho a certeza que voltarei.

Ah! Quase me esquecia dos mimos trazidos da Feira de Outono do Jardim do Cedro: os cubinhos de marmelada embrulhados com esmero, a compota, os coquinhos doces e uma fatia de bolo misterioso. Perguntei de que era, mas alguém apenas me segredou que tinha um “ingrediente secreto”: o lixinho das mãozinhas das crianças que, depois de brincarem no jardim, ajudaram a amassar a massa sem grande cerimónia de lavagem. Talvez seja esse o segredo, o toque inocente, o amor simples, que o tornou o bolo mais saboroso do mundo.

Obrigado pelo que senti.

O Presidente da CAP

Fernando Ferreira


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