sexta-feira, 24 de outubro de 2025

 Um misto de sensações na Escola Básica do Cedro

Hoje visitei a Escola Básica do Cedro, uma das escolas que integram o Agrupamento de Escolas Soares dos Reis.

Foi uma visita marcada por um misto de sensações: por um lado, o orgulho de estar num espaço com tanta história; por outro, a tristeza de ver um edifício que, sendo um marco da arquitetura portuguesa, dá sinais claros de desgaste.

A escola foi projetada por Fernando Távora, um dos grandes nomes da arquitetura nacional. É, por isso, uma obra emblemática, carregada de significado e de memória.

Contudo, o edifício apresenta atualmente sinais evidentes de degradação, infiltrações, desgaste das madeiras, falta de conforto térmico e de condições adequadas de segurança. Estas crianças, bem como todo o pessoal docente e não docente, merecem melhores condições.

Mas foi precisamente no meio desta degradação física que encontrei algo inspirador. Vi a dedicação das Assistentes Operacionais, das responsáveis pela cozinha, e de todos os profissionais que ali trabalham, dia após dia, com um empenho e uma entrega que ultrapassam largamente o que seria exigível.

São pessoas que, com poucos recursos, fazem muito e fazem-no com alma. Comovem pela forma como mantêm a escola viva, limpa, funcional e acolhedora, mesmo enfrentando dificuldades sérias.

Em Portugal, diz-se muitas vezes que somos um povo resiliente e desenrascado, capazes de fazer o impossível com o mínimo. É verdade. Mas essa capacidade, que tanto nos orgulha, acaba também por ter um lado ingrato: faz com que, por vezes, quem decide ache que é possível manter situações-limite indefinidamente.
Não é. As pessoas, tal como os edifícios, também têm limites.

Na qualidade de Presidente da Comissão Administrativa Provisória, pouco mais posso fazer além de elogiar, agradecer e interceder. E é o que farei: pelas vias formais, junto da autarquia e do Ministério da Educação, solicitarei com urgência a intervenção necessária para devolver à Escola do Cedro a dignidade que merece.

Porque não precisamos de procurar as melhores pessoas para lá trabalharem, elas já lá estão. O que precisamos é de dar-lhes condições condignas para continuar a exercer o seu trabalho com a qualidade e o amor que demonstram todos os dias.

Ainda assim, e apesar de tudo, esta visita deixou-me também esperança.
Nas salas, encontrei crianças felizes, sorridentes, curiosas,  a prova viva de que o esforço dos adultos não é em vão.
E vi nas assistentes, nos professores, no pessoal da cozinha e na coordenaçãoum exemplo de responsabilidade, tenacidade e profissionalismo que me encheu de orgulho.

A todos eles, o meu muito obrigado.
Que este agradecimento se traduza, muito em breve, em melhores condições de trabalho e de vida para toda a comunidade educativa do Cedro.

Bem-hajam

O Presidente da CAP

Fernando Ferreira

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