sexta-feira, 31 de outubro de 2025

 

Visita à Escola Básica Joaquim Nicolau de Almeida

Cumprindo a promessa que fiz no início deste ano letivo, enquanto Presidente da Comissão Administrativa Provisória, visitei hoje a Escola Básica Joaquim Nicolau de Almeida, uma escola que honra o nome do ilustre vereador da Câmara Municipal de Gaia no início do século XX, um homem cuja dedicação à educação e à formação das gerações do seu tempo deixou marca e merece, por isso mesmo, ser lembrado com respeito e gratidão.

O dia estava cinzento, chuvoso e húmido, mas bastou entrar na escola para perceber que o ambiente era tudo menos isso. Fui recebido com simpatia e boa disposição pelas Assistentes Operacionais, algumas já conhecidas, que em tempos trabalharam na escola-sede. As teias de aranha que vi logo à chegada não denunciavam desleixo, eram parte da decoração alusiva ao Halloween, que se vivia em pleno e com grande entusiasmo.

A escola, apesar de não ser nova, tem um ambiente leve, fresco e acolhedor. O espaço está muito bem pensado para o fim que serve. Os cobertos, embora não muito grandes, são suficientemente amplos para permitir que as crianças brinquem à vontade nos intervalos, mesmo em dias chuvosos. O recreio exterior, por sua vez, é espaçoso e organizado, pena o campo polivalente estar temporariamente inativo devido ao mau estado do piso. No entanto, estou relativamente tranquilo por saber que já existe um procedimento concursal da autarquia para a sua reparação. Estamos todos ansiosos por ver aquele espaço novamente cheio de vida, risos e movimento.

Coincidiu esta visita com as comemorações do Halloween. As crianças estavam irreconhecíveis nos seus disfarces, assustadores, é certo, mas acima de tudo criativos e divertidos. As salas estavam decoradas a rigor e também as professoras tinham pequenos detalhes alusivos à data. Era bonito ver a escola transformada, cheia de cor e imaginação.

Mas o momento mais marcante do dia foi outro: a despedida do Sr. Vítor, funcionário de longa data do nosso agrupamento, que se reformou hoje. Houve festa, aplausos e emoção. As crianças chamavam pelo seu nome, entregaram-lhe presentes e um livro cheio de desenhos feitos por elas próprias, retratos sinceros dos gestos de carinho que o Sr. Vítor sempre lhes ofereceu. Foi um momento simples, mas profundamente bonito. Porque, no fundo, a escola é isto: é o amor que nasce nas relações entre todos, alunos, professores, assistentes, famílias. É nas interações diárias, nas brincadeiras, nos afetos e nos gestos de reconhecimento que se aprende a ser e a estar.

Hoje vi crianças felizes, professores empenhados, assistentes operacionais orgulhosas de pertencerem a esta comunidade. Vi sorrisos genuínos, daqueles que não se forçam. E percebi, mais uma vez, que a escola é muito mais do que paredes, horários e planos de aula, é um lugar onde se constroem pessoas e se fortalecem laços.

Saí da Escola Joaquim Nicolau de Almeida com o coração cheio. Levo comigo a vontade de voltar, e essa é, talvez, a melhor prova de que foi um dia especial.

O Presidente da CAP

Fernando Ferreira


sexta-feira, 24 de outubro de 2025

 Um misto de sensações na Escola Básica do Cedro

Hoje visitei a Escola Básica do Cedro, uma das escolas que integram o Agrupamento de Escolas Soares dos Reis.

Foi uma visita marcada por um misto de sensações: por um lado, o orgulho de estar num espaço com tanta história; por outro, a tristeza de ver um edifício que, sendo um marco da arquitetura portuguesa, dá sinais claros de desgaste.

A escola foi projetada por Fernando Távora, um dos grandes nomes da arquitetura nacional. É, por isso, uma obra emblemática, carregada de significado e de memória.

Contudo, o edifício apresenta atualmente sinais evidentes de degradação, infiltrações, desgaste das madeiras, falta de conforto térmico e de condições adequadas de segurança. Estas crianças, bem como todo o pessoal docente e não docente, merecem melhores condições.

Mas foi precisamente no meio desta degradação física que encontrei algo inspirador. Vi a dedicação das Assistentes Operacionais, das responsáveis pela cozinha, e de todos os profissionais que ali trabalham, dia após dia, com um empenho e uma entrega que ultrapassam largamente o que seria exigível.

São pessoas que, com poucos recursos, fazem muito e fazem-no com alma. Comovem pela forma como mantêm a escola viva, limpa, funcional e acolhedora, mesmo enfrentando dificuldades sérias.

Em Portugal, diz-se muitas vezes que somos um povo resiliente e desenrascado, capazes de fazer o impossível com o mínimo. É verdade. Mas essa capacidade, que tanto nos orgulha, acaba também por ter um lado ingrato: faz com que, por vezes, quem decide ache que é possível manter situações-limite indefinidamente.
Não é. As pessoas, tal como os edifícios, também têm limites.

Na qualidade de Presidente da Comissão Administrativa Provisória, pouco mais posso fazer além de elogiar, agradecer e interceder. E é o que farei: pelas vias formais, junto da autarquia e do Ministério da Educação, solicitarei com urgência a intervenção necessária para devolver à Escola do Cedro a dignidade que merece.

Porque não precisamos de procurar as melhores pessoas para lá trabalharem, elas já lá estão. O que precisamos é de dar-lhes condições condignas para continuar a exercer o seu trabalho com a qualidade e o amor que demonstram todos os dias.

Ainda assim, e apesar de tudo, esta visita deixou-me também esperança.
Nas salas, encontrei crianças felizes, sorridentes, curiosas,  a prova viva de que o esforço dos adultos não é em vão.
E vi nas assistentes, nos professores, no pessoal da cozinha e na coordenaçãoum exemplo de responsabilidade, tenacidade e profissionalismo que me encheu de orgulho.

A todos eles, o meu muito obrigado.
Que este agradecimento se traduza, muito em breve, em melhores condições de trabalho e de vida para toda a comunidade educativa do Cedro.

Bem-hajam

O Presidente da CAP

Fernando Ferreira

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

 

Visita aos Jardins de Infância do nosso Agrupamento

Visitei hoje os Jardins de Infância do nosso agrupamento, o de Laborim e o do Cedro e, confesso, vieram-me à memória sensações que há muito estavam guardadas num canto qualquer da memória, desses que raramente abrimos, mas que continuam lá, à espera de um cheiro, de uma gargalhada ou de um som de recreio para se fazerem ouvir.

Logo à chegada ao Jardim do Cedro, uma nuvem de pó levantou-se, não por descuido, mas pelo frenesim das travagens de pé no chão, das bicicletas das crianças que brincavam no pátio. E nesse instante percebi: o tempo é mesmo uma coisa efémera, como esse pó que se eleva e logo desaparece.

Observei as crianças em corridas improvisadas, genuínas, entre gargalhadas e gritos de alegria. Cumprimentavam-nos (quem és? , como te chamas?) com a mesma energia com que, segundos depois, voltavam às suas brincadeiras, como se adivinhassem que perder um segundo de diversão é um luxo que só os adultos se permitem. As crianças sabem, melhor do que nós, que o tempo é precioso. Resistir ao sono é o primeiro sinal de quem quer viver intensamente.

Com os cheiros das salas, o tamanho das cadeiras, das mesas, das mochilas e até das sanitas, tudo me pareceu mais pequeno do que nunca, veio-me à lembrança o dia em que levei o meu filho ao infantário pela primeira vez. Lembrei-me da dor de o deixar e da alegria que ele descobriu nesse mesmo espaço de descoberta. Lembrei-me dele, pequenino, de braços estendidos, a chamar “pai, pai, pai, pai”, tantas vezes que até o tempo parecia parar, antes de voltar a correr para brincar outra vez.

Nesta nova função, foi reconfortante reencontrar tudo isso: os cheiros, as vozes, a energia contagiante. E perceber, sobretudo, a importância daquilo que ali se faz, educar desde a mais tenra idade. As pessoas que encontrei, a cozinheira, as auxiliares, as educadoras, estavam ali com sorrisos genuínos, a cumprir uma missão que é muito mais do que trabalho. É profissionalismo, sim, mas é também amor, paciência e dedicação.

Os espaços, por dentro e por fora, revelam cuidado e alegria. Um mais antigo, outro mais moderno, mas ambos decorados com cor e ternura, com a sensação de que ali se acolhe e se protege.

É verdade, a visita foi breve. E sei que não é tudo um mar de rosas, as escolas, como as pessoas, têm sempre arestas por limar. Mas o que senti foi bom, muito bom. Saí de lá com o coração cheio e com a certeza de que, quando pensar na “escola”, não me virá apenas à mente a escola-sede, mas também estas pequenas grandes casas de infância.

Agora faltam as visitas às EB1 e confesso que os Jardins de Infância me aguçaram o apetite. Espero que tragam novas boas sensações e memórias, e que continuem a inspirar-me a ser um presidente mais atento, mais próximo e, quem sabe, um bocadinho mais criança. Voltarei de certeza, não sei em que condição mas tenho a certeza que voltarei.

Ah! Quase me esquecia dos mimos trazidos da Feira de Outono do Jardim do Cedro: os cubinhos de marmelada embrulhados com esmero, a compota, os coquinhos doces e uma fatia de bolo misterioso. Perguntei de que era, mas alguém apenas me segredou que tinha um “ingrediente secreto”: o lixinho das mãozinhas das crianças que, depois de brincarem no jardim, ajudaram a amassar a massa sem grande cerimónia de lavagem. Talvez seja esse o segredo, o toque inocente, o amor simples, que o tornou o bolo mais saboroso do mundo.

Obrigado pelo que senti.

O Presidente da CAP

Fernando Ferreira