Concerto de Camões: A noite em que a Soares dos Reis afinou a alma

Sexta-feira dia 30 de maio 2025

Nesta noite memorável na Escola Soares dos Reis, constatámos afinal o que já desconfiávamos: se Camões se levantasse da tumba, ficaria com inveja do nosso concerto! Sob a batuta exemplar do professor Fernando, o afeto contagiante da professora Dília e com uma pontinha de saudade do contributo incansável do professor Miguel (que já não nos pertence a tempo inteiro, mas continua emprestado sempre que o convoca o coração), testemunhámos mais do que uma mera reunião de vozes e instrumentos: assistimos a um festival de cultura, camaradagem e… democracia em modo canção.

Porque a nossa escola é exatamente isto: não é só cinquenta ou cem minutos de fórmulas e datas; é um laboratório de emoções, um estúdio de ideias, um palco de vozes que resistem, mesmo quando o mundo lá fora insiste em vestir um casaco de nuvens escuras. Valorosas são, sem dúvida, as senhoras e senhores professores que, como artistas renascentistas, convertem a profissão numa missão e numa arte. E corajosos são os nossos alunos que ali ficaram, firmes tal como os heróis camonianos, sem um pio de hesitação, brindando-nos com o cancioneiro que vai de Camões (ou melhor, de quem musicalizou o poeta) a Amália, José Mário Branco, Zeca Afonso e tantos outros que somam séculos de história.

E se as vozes já encantavam por si, os alunos ainda se muniram, como verdadeiros trovadores modernos, de guitarras, flautas, braguesas, adufes (sim, adufes!), e mais! O adufe, esse nobre instrumento ancestral, foi-nos apresentado com pompa e contexto pela professora Dília e pelo professor Miguel, numa breve aula de história sonora entre cânticos. Ouvir, aprender e emocionar-se: tudo em simultâneo e tudo em palco!

Um brinde e um aplauso caloroso! à Nádia, à Nicole, à Constança, ao Pedro, ao Diogo, à Eliane, à Sofia, ao David, à Beatriz, ao Afonso, à irmã da Eliane e às outras duas Beatriz (sim, são três! e cada uma com um brilho único). E claro, um aplauso especial ao Gonçalo, ex-aluno que nunca se despediu verdadeiramente da nossa escola e que, com a sua voz extraordinária, voltou a encher o polivalente de emoção. À avó da Matilde Marcolino, declamadora nata (não nos enganou: o amor por Camões transbordava-lhe nos olhos). E parabéns aos pais, avós e amigos que transformaram o nosso salão num acolhedor anfiteatro de afetos. As vossas palmas foram o combustível para a alma dos artistas.

E, no fim, a lição permaneceu clara: 500 anos de Camões, fados e outras canções não cabem em 50 minutos de aula. A escola é encontro. É partilha de opiniões e experiências. É inclusão, esperança e, sobretudo, democracia. Viva Camões! Viva a Verdade! Viva a Verticalidade! E viva, acima de tudo, a nossa Escola Soares dos Reis!

Fernando M.A. Ferreira

Professor de Educação Física - EB Soares Reis

e-mail: fernandoferreira1306@ebsoaresreis.net