O Presente Perfeito

O presente perfeito

E porque me sinto grato

Pelo que a minha mãe me tem dado
Determino presenteá-la
Por tudo o que tem trabalhado.
Pois se não fosse ela,
Onde teria eu ficado?

Encontro aquela rosa
A mais bela dos jardins
Vermelha, viva, viçosa
Fresca e tão airosa
Pequena, mimosa.
Gotas de orvalho ainda escorrendo
Das suas pétalas tão singelas.
Recuso a flor, convencido
Que é o presente errado:
Haverá flor
Mais bela que minha mãe?

Vejo aquela caixa
De chocolate, enfim.
De nacionalidade suíça
E de linhagem finíssima
Decorados aqui e ali.
Que se derretem na boca
E de tão doce sabor
Que logo à vida dá
Uma maravilhosa nova cor
Recuso a caixa, e bem:
Haverá chocolate
Mais doce que minha mãe?

E aquela lapiseira
De ponta mais fina
Que a lança de um soldado.
Ricamente decorada,
Brilhante e vistosa
Necessária à escrita
Permanente de minha mãe.
Não levo a lapiseira, não:
Haverá lapiseira
Mais importante que minha mãe?
Desisto…

Chego a casa, dou um beijo
Àquela que me conhece tão bem…
(Mas haverá amor
Maior que o da minha mãe?)

João Braga - 9.º A