quinta-feira, 25 de abril de 2024

No dia 24 de abril, a nossa escola "vibrou" com uma série de iniciativas comemorativas dos cinquenta anos do 25 de abril de 1974, todas elas repletas de importância e criatividade, e que envolveram a maioria dos alunos assim como toda a comunidade educativa do nosso agrupamento. Desde jogos com história, recriando as brincadeiras dos recreios da época do 25 de abril de 74, até exposições, cantorias, representações e muito mais, cada evento evocou esta data crucial na vida em Portugal. Foi uma jornada que nos divertiu, emocionou e reforçou a esperança em manter vivos os valores do 25 de Abril.


Contudo, gostaria de destacar uma iniciativa que passou despercebida para muitos, talvez porque não estava inscrita no plano de atividades nem registada no programa elaborado pela Direção da escola, mas que considero um marco significativo, especialmente pelo seu significado ético, de liberdade e pela capacidade de organização e iniciativa que muitas vezes duvidamos existir nos nossos alunos, sobretudo pela suposta falta desses valores nas crianças e jovens atuais.


Quero enaltecer a notável capacidade e resiliência dos alunos do 8.º E, especialmente do Rodrigo Rodrigues da Silva, Tiago André Henriques Meireles e do Tiago Pereira Lopes, que no final do primeiro semestre, se dirigiram por escrito ao grupo de Educação Física, solicitando a organização de um torneio de futebol para esta faixa etária. Embora o Grupo de Educação Física tenha inicialmente expressado reservas devido a problemas disciplinares e de fair play em experiências anteriores com a modalidade de futebol, os alunos persistiram, apesar das várias exigências que o grupo de EF fez para que o torneio se pudesse realizar.


Perante essas exigências, sinceramente, não esperava que a resiliência e a iniciativa prevalecessem. No entanto, para minha surpresa, mesmo que um pouco tardiamente (apenas no dia 23 de abril), o Rodrigo Silva, o Tiago Meireles e o Tiago Lopes, apresentaram tudo o que tinha sido solicitado pelo grupo de Educação Física e com o que se tinham comprometido a fazer, incluindo uma lista detalhada das necessidades para a realização do torneio. Perante isso, não me restou alternativa senão acatar os seus pedidos e colaborar.


No dia 24, às 14:00, todas as turmas estavam prontas para iniciar o torneio, conforme combinado. Foi lido, pelo Tiago Lopes, o compromisso com a ética na presença de todos, e o documento foi assinado por todos os representantes e árbitros designados por cada turma do 8.º ano. As equipas foram divididas em dois grupos, jogaram entre si, e os dois melhores de cada grupo avançaram para as semifinais e depois para a final.


Apesar de algumas escorregadelas e esfoladelas, principalmente devido ao mau estado do campo, houve muita emoção, alegria, diversão e solidariedade. Os árbitros foram respeitados em todas as suas decisões, mesmo nas situações mais difíceis, e houve humildade na vitória e aceitação na derrota.


Quanto ao resultado final, sinceramente não sei quem ganhou ou perdeu, mas posso afirmar com certeza que todos se divertiram, todos desfrutaram, e houve respeito e solidariedade. Tenho também a certeza de que estes alunos ganharam o respeito dos adultos. Talvez tenha sido a presença do espírito dos valores do 25 de Abril que os tenha inspirado.


Termino endereçando os parabéns a todos os participantes, mas gostaria de destacar especialmente os alunos Rodrigo Rodrigues da Silva, Tiago André Henriques Meireles e  Tiago Pereira Lopes do 8.ºE, que apesar das dificuldades não desistiram da organização. Continuem assim, resilientes e sempre responsáveis. Ao contrário do que muitos possam pensar, todos vocês mostraram que a competição desportiva não é incompatível com a ética, com o respeito, com o prazer e com a diversão. 


A Ética no desporto e na vida, tal como os valores do 25 de Abril são um acto contínuo que devemos cultivar em cada dia.


Fernando Ferreira
25 de abril de 2024

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