VENHA TOMAR UM CAFÉ COM…Prof. José Xavier
No dia 4 de junho, véspera do dia do Ambiente, decorreu mais um encontro
do nosso café virtual. Desta vez tivemos o privilégio de ter como convidado o
professor José Xavier, onde nos veio falar um pouco do que se está a passar na
Antártida, continente pouco explorado, mas que também ele está a sofrer com as
alterações climáticas.
O prof. José Xavier é licenciado em Biologia Marinha e exerce funções
como docente na Universidade de Coimbra, bem como investigador e explorador em
associação com O British Antartict Survey Natural Environment Research Council.
As suas áreas de interesse são as cadeias
alimentares em ecossistemas marinhos em relação às alterações climáticas,
particularmente nas regiões polares. Biologia marinha, ecologia comportamental,
oceanografia, modelação, comunicação de ciência, política ambiental. Os animais
de estudo são: Pinguins, albatrozes, focas e outros mamíferos, tubarões e
outros peixes, tartarugas e atenção especial para os cefalópodes na dieta de
predadores e as suas áreas de estudo focam-se no Oceano Antártico, Pacífico,
Indico e Atlântico, com trabalho de campo em ilhas ou cruzeiros oceanográficos.
Trabalha na Antártida desde 1997.
O professor iniciou a sua apresentação dizendo que “a vida surgiu no mar e os seres vivos
foram-se adaptando ao ar e à terra”.
O mar é ainda um mistério, pois só é possível descer
até aos 1000m de profundidade. A luz penetra apenas até aos 200m, sendo que daí
para baixo é tudo escuro e só com submarinos específicos se consegue obter mais
informação.
Um dos habitantes do mar são as alforrecas. Elas habitam o nosso planeta
à cerca de 180 milhões de anos. Têm uma particularidade: os seus tentáculos
podem atingir os 40m de comprimento e 95% do seu corpo é água. São também os
animais marinhos que mais matam, devido aos choques.
Outros animais curiosos
existentes no mar são os “Cefalopes”
(que significa cérebro + pés= cérebro nos pés), que é o caso dos chocos, lulas
e polvos. Os polvos são animais invertebrados muito evoluídos e têm uma
característica incrível, a camuflagem e daí serem chamados de “camaleões do
mar”. Os chocos vivem a menor profundidade e também eles possuem uma
característica especial de camuflagem que é a tinta. Quanto às lulas, algumas
gigantes (podem ir até aos 18m de comprimento), são seres que o professor
adora. Um dos tipos de lula é a Colossal devido a ter os seus dentes grandes,
do tamanho da nossa mão. Em Portugal já se encontrou uma lula com 6m de comprimento.
Outro dos animais falados foi o
tubarão. É o maior peixe que existe e ao contrário do que se pensa, não é assim
tão agressivo, sendo o tubarão branco o mais perigoso. Alimentam-se de peixes,
lulas e alguns de pequenas focas. Em Portugal, existem várias espécies de
tubarões.
Seguidamente, o professor
referiu o porquê do nome Antártida. Assim, e como este continente é oposto ao
Ártico, Antártida significa isso mesmo, Anti-Ártico. O Ártico é um oceano
congelado e a Antártida é um continente. As suas águas encontram-se a 0º. Os
seus icebergs, encontram-se ameaçados pelo aquecimento global. O último que se
desprendeu era do tamanho da região do Algarve. Nesta região um dia dura 6
meses, pois o sol aparece em setembro e fica no céu até março. A temperatura
ronda os -30 a -40º. Está tão frio que a superfície do próprio oceano congela.
A Antártida é do tamanho da Europa e é a única região que não pertence a nenhum
país. É uma região para a ciência e para a paz e que pertence a todo o mundo.
São mais de 50 países que se juntam e definem leis comuns e estratégias de
atuação e preservação desta região, onde Portugal também se inclui.
Na continuação da nossa
conversa, seguiram-se os pinguins. Estes são extremamente simpáticos e afáveis.
Podem atingir 1m de altura e 10kg de peso. Existem inúmeras espécies de
pinguins, no entanto, os denominados de “barbicha”
são os mais regilas. Infelizmente, os microplásticos já chegaram à Antártida e
tanto os pinguins como os albatrozes (habitantes também da região),
confundem-nos com lulas e acabam por ingerir. Atualmente são também colocados
chips ou gps nos animais de modo a fazer a sua monotorização.
Neste continente não existem
habitantes, apenas cientistas e turistas, que apenas saem dos navios para
pequenos passeios e regressam aos mesmos. Ao contrário do Ártico onde existem
habitantes, mais conhecidos por esquimós.
A última expedição realizada à
Antártida ocorreu em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, onde decorreram
estudos com lulas, de modo a verificar como é que se estão a adaptar a todas as
alterações que têm vindo a ocorrer. O professor recordou que no início das suas
expedições não havia internet e que apenas havia um fax, onde enviam
semanalmente uma mensagem a indicarem se estavam vivos. Hoje em dia, as condições dos cientistas são outras, o que
permite fazer um trabalho mais exaustivo e incisivo do objeto em estudo.
O nosso serão terminou com
algumas questões feitas pelos presentes e todos foram unânimes que foi um serão
muito bem passado. Obrigada a todos os que organizaram e participaram em mais
uma excelente iniciativa.
Letícia Morais, 7ºA, nº17